Batendo um papo com João Braga

Ontem, no Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM), aconteceu o lançamento do novo livro de João Braga. Tenho Dito – histórias e reflexões de moda é uma compilação de 15 artigos escritos entre 2007 e 2014 para revista “d’Obras[s]”, apresentando novas perspectivas sobre a moda, em diferentes aspectos.

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João Braga é formado em Artes Plásticas e Educação Artística pela UFJF, pós-graduado em História da Indumentária pelo Instituto Paulista de Museologia, mestre em História da Ciência pela PUC-SP e especialista em História da Moda pela ESMOD de Paris. É autor de mais de 10 livros, individualmente ou em coautoria, com temas relacionados à moda, história e cultura. Atualmente dá aulas em faculdades como FAAP e Santa Marcelina. Além disso, é articulista da revista “L’Officiel Brasil”.

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O lançamento em Juiz de Fora do livro Tenho Dito contou com uma palestra enriquecedora. Falando um pouco sobre cada artigo da obra, com bom humor e muitas curiosidades históricas, João Braga manteve a platéia atenta e interessada. O público contava com muitos estudantes e professores de moda, que apesar de terem contato com a história da moda no dia-a-dia, sem dúvidas aprenderam muito durante a fala de João Braga. Logo que a palestra acabou, os livros esgotaram rapidamente e uma fila se formou com pessoas que queriam levar para casa o autógrafo do mestre.

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Esperei a sessão de abraços, fotos e autógrafos acabar para fazer algumas perguntas ao autor, que me recebeu de prontidão.

Como foi o processo da produção do livro, a construção e seleção dos artigos? Você tem algum artigo do livro que considera mais importante?

Quando eu comecei a escrever para a Revista D’obras, desde a primeira, nós tínhamos liberdade de escolher qualquer tema relacionado à moda. Como a minha coluna se chamava “História”, o meu viés de análise sempre foi o histórico. Que é o que eu pesquiso, o que eu gosto, o que costumo escrever. Então eu tive uma liberdade muito grande de escrever o que eu quisesse. A não ser na revista nº 9, que foi na época da Copa do Mundo o Brasil, que o tema era alguma coisa relativa a futebol, uniforme, então eu escolhi falar sobre o significado dos brasões. Mas com relação a preferência, eu não sei. Eu faço tudo com tanto carinho e interesse.. Gosto muito do primeiro, que foi sobre a história dos sapatos pontiagudos, sapatos como distinção social. Gosto demais do artigo sobre o Brummel, do da Rose Bertin, enfim… acabo curtindo todos. É difícil escolher um só, gosto dos 15. 

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De onde vem sua motivação para continuar escrevendo sobre a moda? Você já lançou vários livros e continua escrevendo mais, continua pesquisando.

Eu sempre gostei de estudar, sempre gostei de ler. Eu gosto do viés histórico. Fiz faculdade aqui em Juiz de Fora, na federal, fiz dois cursos, desenho plástico e educação artística. Sempre gosto da história. Qualquer viés que seja. História geral, história da arte, história da filosofia, história da moda, e como eu sempre gostei de moda, me enveredei por esse universo e optei por pesquisar essa parte mais teórica. Também gosto de fazer alguma coisa, uma vez que eu fiz um curso relacionado aos fazeres sensíveis de arte, então eu acabo fazendo, geralmente as minhas camisas sou eu que faço, principalmente as de tecido plano. Eu desenho, né, uma costureira faz. Mas eu gosto é do viés histórico, e continuo estudando,  porque nunca vamos saber de tudo. Então eu vou continuar lendo, vou continuar aprendendo, e o que eu puder transformar nisso como multiplicador para outras pessoas, no sentido da minha leitura e reflexão – não que eu seja o dono de uma única verdade, não é isso, mas o fato de eu ser mais velho, já ter lido possivelmente mais do que os jovens, o fato de eu conviver a longa data em uma sala de aula, eu gosto de deixar aí alguma coisa para que sirva de estudo, de pesquisa. Estou tentando fazer alguma coisa que seja no mínimo razoável.

E a história da moda é importante que seja estudada não só para entender a roupa, né? Porque entendendo a história da roupa a gente entende muita coisa além…

Qualquer coisa é importante que se estude. Se a pessoa tem uma familiaridade com a moda e gosta, vamos conhecer esse processo. O que é moda, o que não é, quais são os conceitos que regem esse processo, quando surgiu, como que as referências estéticas, como essa gramática dos diversos estilos deram identidades distintas ao longo dos tempos, enfim. Então tudo é informação, e hoje, uma das características do processo criativo, não a única, mas uma das, é a releitura. Então faz-se necessário você conhecer alguma referência do passado, alguma referência que tenha vindo primeiro ou original, para trazer para o contemporâneo. É fundamental que se conheça história. A pessoas acham que história é só passado. Não. História significa investigação. É você fazer um elo desta tríade: passado, presente e futuro. Com o estudo do passado, você pode compreender o presente e até mesmo planejar um futuro melhor. 

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Se interessou pelo livro?

Aqui estão alguns links onde você pode adquirir o seu e se aventurar por essas 15 histórias e reflexões de moda.

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Fotos: Guilherme Toledo

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