O estilo de Carmen Miranda e sua influência para a moda

Frutas na cabeça, colares, babados, saias rodadas, turbantes e muitas cores. Com uma estética inconfundível, o estilo de Carmen Miranda é um ícone constantemente acessado pelo mundo da moda para a representação de uma identidade brasileira, dando territorialidade aos produtos.

Se hoje falamos sobre um DNA brasileiro na moda, almejado internacionalmente e explorado por estilistas da atualidade, devemos lembrar que desde os anos 1930, com o reconhecimento e projeção de Carmen Miranda, esse “DNA” ganhou status e passou de “traje típico” para um orgulho nacional.

Uma das brasileiras mais ilustres do país, na verdade nasceu em Portugal no ano de 1909, sob o nome de Maria do Carmo Miranda da Cunha. Chegou aqui com pouco mais de 10 meses de idade. Sua carreira artística e multimidiática transcorreu entre as décadas de 1930 e 1950. Em 20 anos de carreira, deixou sua voz registrada em 279 gravações somente no Brasil e mais 34 nos Estados Unidos. Balançou a Era do Rádio por aqui e chegou até Hollywood, onde chegou a ser uma das estrelas mais bem pagas. Ficou conhecida como Brazilian Bombshell (bomba brasileira).

Ela nunca foi seguidora da moda. Usava o que sentia que favorecia o seu visual no palco e o seu tipo físico. Sapatos com saltos plataformas de 20cm e turbantes tropicais davam um pouco mais de altura para os 1,52cm da “Pequena Notável”.

Em 1939, Carmen Miranda se destacou na comédia-musical “Banana da Terra”, quando apareceu caracterizada de Baiana, personagem que marcou sua carreira e que ela incorporou até o fim da vida. No musical, cantou a música “O Que é Que a Baiana Tem”, de Dorival Caymmi. Criado pelo consagrado estilista Alceu Penna, o icônico traje de baiana é uma das fantasias brasileiras mais reproduzidas em época de carnaval.

Carmen também ia para a máquina de costura para criar algumas peças, sempre pensando no que queria vestir, mas sem temer a possibilidade de ser copiada. Entre os anos 1930 e 1940, ela ditou moda. Nos Estados Unidos, seus turbantes foram copiados e colocados em vitrines, seus balangandãs influenciaram o mundo do design das joias. Seus figurinos, pesados e estampados, foram fundamentais para que ela alcançasse a notoriedade.

Texto: Isabela de Magalhães
#12DécadasdeModa

A importância de Zuzu Angel para a moda brasileira

Zuzu Angel fez história nas décadas de 1960 e 1970. Nascida em Curvelo, Minas Gerais, a estilista e costureira desenvolvia peças que inovavam por representar uma identidade brasileira: cores tropicais, estampas e o uso de materiais nacionais, como pedras, bambu, madeira e conchas. Zuzu se destacou por  sua linguagem pessoal e autêntica e teve sucesso também no exterior, em uma época em que a moda européia era o grande destaque no cenário mundial.

Resultado de imagem para zuzu angel
Zuzu Angel

O estilo das criações de Zuzu envolvia tudo que tivesse algum ar de brasilidade. Todas as suas produções misturavam delicadeza e tropicalismo, com o uso de chitas, rendas, sedas e fitas, tecidos com estampas de animais ou com temas folclóricos, além de sua marca registrada: o logotipo do Anjo. Ela não costurava apenas para a elite: seu objetivo com a moda era também vestir a mulher comum. Zuzu afirmava: “Eu sou a moda brasileira“, e é inegável que sua carreira deixou um imensurável legado estético, cultural e social para o Brasil.

Resultado de imagem para zuzu angelResultado de imagem para zuzu angel

Resultado de imagem para zuzu angelResultado de imagem para zuzu angel

Infelizmente, ela não ficou conhecida somente por seu trabalho na moda. Uma de suas maiores lutas foi a busca pelo corpo do filho Stuart Angel, ativista que desapareceu em 1971, após ser preso por militares da ditadura. Depois disso, Zuzu passou a usar a moda como forma de protesto e suas criações incorporavam elementos que denunciavam a situação política brasileira. As estampas tropicais deram lugar a pássaros em gaiolas, tanques, balas de canhão, pombas e, claro, anjos. Para a apresentação dessa coleção, a designer fez um desfile-protesto no consulado brasileiro em Nova Iorque.

A designer se tornou um símbolo da luta contra a ditadura no Brasil. Ela morreu em 14 de abril de 1976, em um suposto acidente na saída do Túnel Dois Irmãos, na estrada da Gávea, no Rio de Janeiro. Sua morte nunca foi esclarecida. Na época, Zuzu espalhou cartas entre seus amigos, com dizeres que mostravam que ela se sentia ameaçada: ”Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos mesmos assassinos do meu amado filho.”, dizia. Uma dessas cartas foi recebida por seu amigo Chico Buarque de Holanda, que a homenageou na canção “Angélica”, com composição feita em parceria com o músico Miltinho:

Atualmente, Zuzu Angel é representada através do IZA – Instiuto Zuzu Angel de Moda, instituição sem fins lucrativos, fundada em 1993 e idealizada por Hildegard Angel, filha da estilista. Localizado no Rio de Janeiro, o instituto tem um dos maiores acervos de moda do país e tem como ideal o resgate e a valorização das diversas manifestações da moda brasileira.

 

Calendário 2020: 12 Décadas de Moda

Zuzu Angel foi um dos ícones de moda escolhidos para compor o nosso Calendário digital 2020 – 12 décadas de moda, projeto realizado em parceria com a ilustradora Ana Luiza Siqueira. Cada mês do calendário representa uma década, passando por 1900 até os anos 2010, com ilustrações que celebram algumas das pessoas que marcaram a história da moda e da arte. Além do calendário, desenvolvemos também uma página de Planner semanal para ajudar na sua organização durante o ano. ❤

Adquira o arquivo digital do calendário (pdf) + o pdf do planner semanal em: Calendario2020.iluria.com

Zelda Wynn Valdes e a sensualidade da década de 1940

Zelda Wynn Valdes foi uma estilista pioneira nos anos 1940. Consolidada como uma das grandes protagonistas da moda afro americana, começou sua carreira em um período marcado pela segregação racial nos Estados Unidos, situação que teve impacto nas mais diversas áreas, incluindo a moda.

Zelda_MAIN2_gallery-cover_6355

Nascida na Pensilvânia, Zelda se diferenciava ao dar espaço para que suas clientes opinassem no processo de elaboração das roupas. Assim, ela produzia peças que refletiam a identidade de quem as usava, mas ainda sim carregando a essência criativa da estilista: sensualidade e sofisticação.

Ela foi presidente da NAFAD – Associação Nacional de Designers de Moda e de acessórios – uma associação de Designers Negros fundada por Mary Mcleod Beth com o objetivo de impulsionar e fortalecer estes profissionais de Design.

Em 1948, a designer abriu sua primeira loja na Broadway, sendo a primeira estilista negra a conquistar esse feito. Em 1950, Valdes muda o endereço de sua loja para West 57th Street, deixando de ser uma loja e passando a ser a Boutique “Chez Zelda”. A Clientela de Zelda era composta em sua maioria por artistas do sexo feminino, como Mae West, Ella Fitzgerald, Dorothy Dandridge, Eartha Kitt, Marian Anderson,Joyce Bryant, Sarah vaughan, entre outras.

O estilo da designer

Zelda ficou marcada por suas criações sensuais e sofisticadas, que refletiam o glamour dos anos 1940 e 1950.

Um de seus traços mais característicos é a grande presença de cinturas marcadas, com o quadril destacado. Muitas de suas criações têm a modelagem com a silhueta no estilo “sereia”, com a peça ajustada ao corpo e uma abertura abaixo dos joelhos. Além disso, a sensualidade fica ainda mais em evidência com modelos tomara-que-caia que deixam os ombros à mostra, e o uso de tecidos com transparência. Bordados e tecidos brilhantes confirmam o “DNA” glamouroso das criações de Zelda Wynn Valdes.

Resultado de imagem para zelda wynn valdes dresses

Resultado de imagem para zelda wynn valdes dresses

Resultado de imagem para zelda wynn valdes dresses

Resultado de imagem para zelda wynn valdes dresses

Resultado de imagem para zelda wynn valdes shine dress

Resultado de imagem para zelda wynn valdes shine dress

Pelas características de seu trabalho, a estilista chamou a atenção de Hugh Henfner e foi convidada para desenhar os primeiros trajes das coelhinhas da Playboy.

IMG_5998

tumblr_nemudxgOOf1tu68mgo1_500

 

Zelda Wynn Valdes é um dos maiores marcos na História da moda, não só daquela Afro Americana. Até hoje seus projetos são utilizados como referências para novos Designers e muitas de suas criações estão incorporadas em projetos de estilistas posteriores à sua carreira.

Calendário 2020: 12 Décadas de Moda

Zelda Wynn Valdes foi um dos ícones de moda escolhidos para compor o nosso Calendário 2020 – 12 décadas de moda, projeto realizado em parceria com a ilustradora Ana Luiza Siqueira. Cada mês do calendário representa uma década, passando por 1900 até os anos 2010, com ilustrações que celebram algumas das pessoas que marcaram a história da moda e da arte. Além do calendário, desenvolvemos também uma página de Planner semanal para ajudar na sua organização durante o ano. ❤

Adquira o arquivo digital do calendário (pdf) + o pdf do planner semanal em: Calendario2020.iluria.com

As criações construtivistas de Varvara Stepanova

Varvara Stepanova (1894-1958) foi uma das principais figuras do movimento artístico-político revolucionário russo. Ela atuou como designer, pintora, fotógrafa, tipógrafa, ilustradora, cenógrafa e estilista, além de ter sido um dos membros fundadores do Grupo de Trabalhos Construtivistas no Inkhuk (Instituto de Cultura Artística), que mais tarde publicaria o primeiro Manifesto Construtivista. Stepanova acreditava no design como uma ferramenta de educação e informação e compôs a cadeira de professora de design têxtil nas oficinas da escola russa Vkhutemas, em Moscou.

Imagem relacionada

A participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial prejudicou o abastecimento das cidades, causando revoltas e greves que levaram a deposição do czar Nicolau II em março de 1917, seguida de crises até a Revolução Vermelha e um longo período de guerra civil que durou até 1921. Em uma Rússia pós-revolucionária, se fazia necessária a reestruturação da sociedade para um cotidiano que vivesse os ideais da revolução. Assim nasce o movimento artístico de vanguarda Construtivismo, que apresenta a proposta de “objeto construtivista”.

A proposta consistia em levar artistas construtivistas para as indústrias para que eles pudessem transformar as relações de produção e as relações das pessoas com os produtos. Os objetos construtivistas seriam produzidos em massa para racionalizar o desejo dos consumidores. Uma contrapartida à mercadoria capitalista. É neste contexto que a Primeira Estamparia Estatal da União Soviética convida as artistas plásticas Liubov Popova e Varvara Stepanova para criar estampas para seus tecidos.

A estamparia construtivista

Resultado de imagem para varvara stepanova estampas
Um dos desafios para as artistas construtivistas ao começar a trabalhar na Primeira Estamparia de Algodão Estatal foi desenvolver padrões pequenos e que fossem facilmente replicáveis. Popova e Stepanova se dedicaram aos estudos sobre estamparia têxtil e decidiram trabalhar com formas simples e geométricas, que atendiam aos critérios estéticos construtivistas e davam sentido mecanizado aos padrões. Tais formas geométricas também agregavam outro significado às estampas: a geometria era associada às máquinas e aos trabalhadores industriais, que no contexto pós-revolucionário, eram o centro da produção soviética. Para reduzir custos, decidiram também trabalhar com uma gama limitada de cores.

Resultado de imagem para varvara stepanova estampasResultado de imagem para varvara stepanova estampasResultado de imagem para varvara stepanova estampasResultado de imagem para varvara stepanova estampas

 

 

 

 

 

 

Os efeitos óticos obtidos no desenho das estampas das duas artistas eram intensificados quando estampados em tecido, ganhando mais possibilidades de movimento. Os efeitos eram formas de atribuir aos tecidos o caráter construtivista, tornando-os objetos ativos e prontos para a transformação da vida cotidiana.

Stepanova e a Prozodezhda

Imagem relacionada

Os trabalhos mais aclamados de Varvara foram aqueles feitos na área têxtil. Em 1923, ela publicou um artigo chamado “A Roupa de Hoje é a Roupa de Produção”, onde afirmava que a moda ficaria para trás, por ser uma representação do mundo burguês, e sugeria o uso da prozodezhda, a chamada “roupa de produção”. Essa seria uma roupa desenhada de acordo com funções específicas, sem decorações e ornamentos. O artigo foi publicado com desenhos feitos por ela de como seriam as roupas. São desenhos geométricos, rígidos e sem diferenciação de gênero. A prozodezhda também abolia as preferencias estéticas individuais ou diferenças sociais, enfatizando seu papel prático.

Resultado de imagem para Desenhos de prozodezhda de Stepanova, 1923

Para grande parte da população a prozodezhda não foi aceita como uma roupa para o
dia-a-dia, mas como um traje para fins específicos, como a prática de esportes ou para figurinos de teatro. A roupa parecia ter sido desenhada para um futuro que ainda seria construído, onde a relação do consumidor com a roupa seria mais racionalizada.

Varvara Stepanova teve um marcante papel enquanto artista e teórica da revolução. Apesar dos poucos estudos ocidentais em torno da Revolução Russa, principalmente em torno das mulheres que faziam parte dela de forma ativa, sabemos que foi um período significativo e efervescente. As ideias do período, vanguardistas e sociais, um século depois ainda dialogam com a atualidade.

 

Calendário 2020: 12 Décadas de Moda

Varvara Stepanova foi uma das pessoas que escolhemos para compor o nosso Calendário 2020 – 12 décadas de moda, projeto realizado em parceria com a designer e ilustradora Ana Luiza Siqueira. Cada mês do calendário representa uma década, passando por 1900 até os anos 2010, com ilustrações que celebram algumas das pessoas que marcaram a história da moda e da arte. Além do calendário, desenvolvemos também uma página de Planner semanal para ajudar na sua organização durante o ano. ❤

75654090_707128769796568_8178564209214502645_n
Ilustração de Ana Luiza Siqueira para o calendário “12 décadas de Moda”

Adquira o arquivo digital do calendário (pdf) + o pdf do planner semanal em: Calendario2020.iluria.com

 

 

A moda passa, Chanel permanece

Dona de uma personalidade autêntica, Coco Chanel fez seu estilo pessoal virar moda, criando uma marca que revolucionou o guarda-roupa feminino a partir da década de 1910. Desde suas primeiras criações, a estilista teve uma enorme importância para o desenvolvimento do setor da moda mundial. Em uma de suas falas mais famosas, ela diz: “a moda passa, o estilo permanece.” Não é difícil comprovar a afirmação, pelo menos se observamos a trajetória da criadora revolucionária, dona de um estilo ao mesmo tempo ousado e clássico. Coco segue presente e relevante no imaginário da moda mundial, e a identidade da estilista permanece nas coleções da grife que carrega seu nome há mais de cem anos. 

Imagem relacionada

 

Gabrielle “Coco” Chanel nasceu em 9 de agosto de 1883 na cidade de Saumur, na França. Mademoiselle, como ficou conhecida ao longo de seus 88 anos de vida, era uma dama de ferro sonhadora. Sua primeira loja, a Casa Chanel (Chanel Modes) foi aberta em 1910, no primeiro piso de um edifício em Paris. No começo, vendia chapéus femininos e acessórios. O estilo simples, sem grandes adornos, encantou as damas que frequentavam o jóquei clube da cidade. A partir desse momento, Coco Chanel passou a dedicar-se à costura. Em 1913, antes da Primeira Guerra Mundial, inaugurou duas butiques de moda, em Deauville e em Paris.

Resultado de imagem para identidade da marca chanel

Durante a guerra, que começou em 1914, os homens partiram para a batalha e as mulheres tiveram que preencher a ausência masculina no campo de trabalho. Com o início de uma emancipação feminina, a moda teve que se adaptar à realidade do trabalho feminino em diferentes áreas. O vestuário passou a ser mais funcional, além de simples. Afinal, ninguém queria ostentar roupas sofisticadas e extravagantes em tempos de guerra.

Chanel fez e vendeu vestidos de “jérsei”, um tecido de malha leve e barato, que o fabricante temia não conseguir vender para mais ninguém. Inspirando-se no armário masculino, a mademoiselle propôs também tailleurs nesse tecido, sendo a grande divulgadora desse tipo de traje na versão feminina. Também nesta época, começou a criar roupas esportivas para mulheres, como, blusas com golas rolês, inspiradas nas roupas dos marinheiros, feitas de malha e tricô. Quem acompanhava a evolução do setor de moda soube que o mundo nunca mais seria o mesmo.

 

A estilista costumava dizer que o mundo da moda estava cheio de homens que não sabiam como proporcionar o conforto às mulheres. Eliminando faixas e corpetes, saias armadas e cheias de babados, Coco permitiu que suas clientes se sentissem livres, vestidas de maneira prática. Ela não se importava em ser copiada por outros designers: o que mais a alegrava era ver mulheres usando suas inovações.

Em 1915, em Biarritz, inaugurou a primeira maison de costura, já contando com 300 funcionários. No ano seguinte, fixou sua boutique no número 31 da Rue Cambon, a sede da marca e a mais antiga loja Chanel em funcionamento. Em 1918, Chanel adquiriu o edifício inteiro do número 31. A loja atual ocupa o piso térreo, em salas que antes eram usadas para recepcionar os clientes. 

Resultado de imagem para chanel rue cambon
O famoso nº 31 da Rue Cambon, em Paris.

 

O segredo do sucesso da estilista era simples: ela criava roupas que gostava de vestir. Desenvolvia suas ideias diretamente no tecido, no corpo da modelo. Isso porque ela dizia que era a roupa que deveria se adequar ao corpo, e não ao contrário. Suas inovações transformaram a silhueta feminina. O novo comprimento das saias mostrou os tornozelos das mulheres, que nos pés passaram a calçar sapatos confortáveis de bicos arredondados. O cardigã, os conjuntos de tweed, o vestido preto “básico” e as pérolas tornaram-se marcas registradas do “estilo Chanel”. Ao longo de toda sua história, a marca evita a efemeridade da moda, reorganizando e propondo elementos que levam esse estilo à perenidade e eternidade.

Resultado de imagem para coco chanel

 

 

Calendário 2020: 12 Décadas de Moda

Coco Chanel foi um dos ícones de moda escolhidos para compor o nosso Calendário 2020 – 12 décadas de moda, projeto realizado em parceria com a ilustradora Ana Luiza Siqueira. Cada mês do calendário representa uma década, passando por 1900 até os anos 2010, com ilustrações que celebram algumas das pessoas que marcaram a história da moda e da arte. Além do calendário, desenvolvemos também uma página de Planner semanal para ajudar na sua organização durante o ano. ❤

Adquira o arquivo digital do calendário (pdf) + o pdf do planner semanal em: Calendario2020.iluria.com

O encontro entre a arte e a moda nas criações de Emilie Flöge

Moda é arte? A moda, como um fenômeno social, é uma expressão que nos mostra a imagem de seu tempo. Entre as definições de arte, encontramos a concepção de que arte é “construção, conhecimento e expressão”. É natural que os universos da moda e da arte se cruzem, provocando reflexões sobre a aparência, sobre a imagem do corpo e do indivíduo, sobre os tempos e modos de fazer, ou diretamente sendo fonte de referência mútua. A moda se alimenta da arte e vice-versa.

Resultado de imagem para emilie floge

Em diversos momentos da história, podemos observar essa relação de forma explícita. Ainda na época do surgimento da Alta-Costura, próximo ao ano de 1850, o costureiro Charles Frederick Worth, considerado o “pai da alta-costura” se comparava a Delacroix e Ingres, revelando suas fontes de inspiração que estavam nos museus. Já no início do século XX, a estilista austríaca Emilie Flöge criava vestidos avant garde que inspiraram obras de arte.

Resultado de imagem para emilie flogeImagem relacionada

 

Emilie Louise Flöge nasceu no dia 30 de Agosto de 1874 em Viena. Começou sua carreira como costureira e tornou-se posteriormente designer de moda e empresária. Em 1904, ao lado de sua irmã Pauline, abriu uma loja-atelier de moda conhecida como Schwestern Flöge (Irmãs Flöge), localizada em uma das principais avenidas da capital austríaca. O atelier era ligado à Wiener Werkstätte, empresa que buscava trazer as ideias de renovação artística da Secessão de Viena para o design de objetos cotidianos.

O movimento conhecido como Secessão Vienense era formado por um grupo de 40 jovens intelectuais que eram contra os princípios conservadores das artes da época. A Secessão, fundada em 1897 e comandada pelo pintor simbolista Gustav Klimt, tinha o objetivo de unificar a pintura e as artes aplicadas, defendendo ideais que dialogavam com outros movimentos, como o art nouveau.

Resultado de imagem para emilie floge
Gustav Klimt e Emilie Flöge

A história diz que Klimt e Flöge eram grandes amigos e companheiros. A parceria rendeu clientes tanto para ela quanto para ele. Por trás de vários quadros de Klimt está Emilie, a criadora dos vestidos de estilo-mosaico eternizados nas pinturas, como por exemplo o vestido da obra “Retrato de Adele Bloch-Bauer” (1907).

Resultado de imagem para retrato de adele bloch-bauer i
Retrato de Adele Bloch-bauer I

Os vestidos de Emilie eram feitos com tecidos vibrantes e coloridos, idealizados para serem usados sem espartilho – um choque para o conservadorismo vigente – pendiam livremente nos ombros, tinham mangas largas e eram confortáveis. Flöge foi fortemente inspirada pelo movimento feminista que pregava um estilo mais prático e confortável de se vestir.

emiliefloge3.jpg

O estilo boêmio de Klimt também influenciou para as criações da estilista, consideradas “peculiares” para a época. Suas criações artísticas e ousadas não foram bem sucedidas nas vendas. Mas enquanto os vestidos mais convencionais vendiam melhor na Schwestern Flöge, Klimt pintava as damas da alta sociedade vienense vestindo as peças mais vanguardistas criadas por sua amiga.

Resultado de imagem para emilie floge gustav klimt
Retrato de Emilie Flöge, por Gustav Klimt (1902)

 

Calendário 2020: 12 Décadas de Moda

Emilie Flöge foi um dos ícones de moda escolhidos para compor o nosso Calendário 2020 – 12 décadas de moda, projeto realizado em parceria com a ilustradora Ana Luiza Siqueira. Para iniciar 2020 com muita inspiração, olhamos para trás e recordamos a história da moda e da arte desde 1900 até aqui. Então desenvolvemos um calendário que celebra pessoas que marcaram época e se tornaram ícones para a moda. No mês de janeiro, destacamos as criações de Emilie Flöge,  e, entre as outras pessoas homenageadas ao longo dos meses estão: Carmen Miranda, nossa eterna “Brazilian Bombshell”, a estilista brasileira Zuzu Angel e a designer japonesa Rei Kawakubo.

Adquira o arquivo digital do calendário (pdf) em: Calendario2020.iluria.com